quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS E PROJETO DE VIDA



ALVES, Fátima Borges Alves[1]

O conceito de alfabetização de adultos vem sendo construído ao longo dos anos. Inicialmente, consideravam alfabetizadas as pessoas que frequentavam alguns meses de escola e desenvolvessem a leitura e a escrita em nível rudimentar, acreditando que elas estariam aptas a empregar esse conhecimento em proveito próprio. No entanto, após o período do letramento, ocorre com a maior parte delas o fenômeno conhecido como regressão ao analfabetismo.  
Atualmente, considera-se alfabetizada a pessoa que sabe aplicar as habilidades da leitura e da escrita no cotidiano da vida. Não basta apenas aprender a decifrar e a grafar os códigos linguísticos por um curto espaço de tempo, mas as que utilizam no cotidiano, na formação permanente.  Assim, para passar da condição de analfabeta para a condição de alfabetizada, faz-se necessário incorporar a linguagem escrita em sua vida. Nesse sentido, os objetivos da alfabetização passam a ser também ensinar a função social da linguagem escrita e como podemos usá-la no cotidiano do dia a dia.
Assim, o processo de letramento deve compreender não apenas a memorização das relações entre os códigos e sons, mas ainda a vivência da linguagem escrita em ação. Sugere-se que a organização pedagógica contemple as três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira trata-se do desenvolvimento da capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na segunda, a abordagem sobre a necessidade da formação continuada em razão do mundo globalizado, às vezes é preciso requalificar para ingressar no mercado de trabalho e na terceira, o aprender a conviver juntos, desenvolvendo a capacidade de trabalhar em grupo, conforme orienta o Ministério da Educação.
Para tanto, alfabetizar nessa perspectiva requer a participação proativa dos educandos no processo de ingresso no mundo letrado, por meio da aquisição das competências mínimas fundamentadas nos quatro Pilares da Educação (UNESCO,1996): aprender a aprender (Competência pessoal), aprender a fazer (Competência Produtiva), aprender a conhecer (Competência cognitiva) e aprender a conviver juntos (Competência Social). A metacognição é uma ferramenta eficaz na promoção dessas competências, no sentido do protagonismo da sua trajetória escolar e da vida.

O que uma pessoa se torna ao longo da vida depende de duas coisas, das oportunidades e das escolhas que fez. (COSTA, 1996).

Para aplicar essa ferramenta faz-se necessário o educando saber onde está e aonde quer chegar, com o objetivo dele reconhecer, listar e autoavaliar o tamanho do esforço necessário para atingir a condição de alfabetizado, lembrando o conceito de alfabetização mencionada anteriormente. A partir desse conceito como meta, elevar o educando a refletir dentre os esforços a reeducação dos hábitos, da vontade, da motivação para alcançar esse objetivo, visando auxiliá-lo no protagonismo da sua alfabetização, como inicio de um novo Projeto de Vida.
É bom ressaltar que para a promoção da reeducação, segundo o educador social Paiva Netto (2010, pg.148), torna-se imprescindível uma grande força de vontade individual e disciplina interior para romper os óbices e perceber que a maior e mais completa de todas as riquezas é o conhecimento, fundamentados na premissa do educador celeste, o Cristo ecumênico: Buscai o reino de Deus e sua justiça que todas as coisas vos serão acrescentada[2].  

Propõe-se como estratégia para iniciar o processo de letramento do adulto a elaboração do Projeto de vida, com abrangência das 03 (três) dimensões: individual, profissional e social. Na dimensão individual, sugere-se que seja abordada a reflexão sobre noções de quem somos na nossa complexidade: física, intelectual, emocional e espiritual. Na dimensão profissional, refletir sobre o mundo do trabalho e as oportunidades de empregabilidade por meio do empreendedorismo, cooperativismo, economia solidária dentre outros e na dimensão social destacar a responsabilidade socioambiental.
Inicialmente, por meio de desenhos espontâneos os educandos devem elaborar as metas de reeducação de hábitos de consumo, de pensamentos, sentimentos e atitudes para a melhoria da qualidade de vida, a curto, médio e longo prazo e as guardar no seu Portfólio. Posteriormente, o alfabetizador deve reservar momentos de avaliação periódica das metas do Projeto de Vida. No final do Curso, rever o Projeto com os educandos e substituir os desenhos pela escrita, motivando-os a usar a autoavaliação, a escrita e a leitura como recursos para a sua formação continuada durante toda a sua vida.

BIBLIOGRAFIA
BRASIL: Educação: um tesouro a descobrir, 6ª ed. São Paulo, Editora Cortez, Brasília, DF, MEC: UNESCO, 2001.
BRASIL; Educação de Jovens e Adultos, Salto para o Futuro,Brasília, DF, MEC/SED, 1999.
BELLO, Susan, Pintando a Alma, 3ª edição, Rio de Janeiro, RJ, Editora Wak, 2007.
COSTA, Antônio Carlos Gomes, Tempo de Servir: Protagonismo Juvenil, Belo Horizonte, Editora Universidade, 2001.
NETTO, José de Paiva, É Urgente Reeducar, São Paulo, Editora Elevação, 2010.
A


[1] Pedagoga e supervisora educacional da Secretaria Municipal de Palmas
[2] Fonte: Bíblia Sagrada, Evangelho de Jesus, segundo Lucas, 17:21.



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