domingo, 6 de março de 2011

CURRÍCULO ESCOLAR E SUA INTEGRAÇÃO COM AS TECNOLOGIAS

ALVES, Fátima Aparecida Borges[1]

A revolução tecnológica modificou a forma de comunicação e de organização da informação na economia, na gestão, na execução e na interação entre as sociedades. Ela redefiniu o conceito de tempo e espaço. Segundo CASTELLS (2007) as novas formas dominantes se desenvolvem numa meta-rede que ignora os grupos sociais subordinados e os territórios desvalorizados, aumentando a distância entre essa metarrede e a maioria das pessoas, atividades e locais do mundo.  Essa lógica segundo ele invisível cria códigos culturais e decidem-se o poder.
Por outro lado, ele ressalta que numa perspectiva histórica a sociedade em rede representa uma transformação qualitativa da experiência humana em sua relação entre a Natureza e a Cultura, entendida como um novo estágio do movimento ambiental, onde a Cultura suplantou a Natureza a ponto de a Natureza ser renovada (“preservada”) artificialmente como uma forma cultural: (...), reconstruir a Natureza como uma forma cultural ideal (...) de interação e organização social. (CASTELLS, pág.573).
Nesse sentido ele destaca que o principal ingrediente da organização social em rede é a informação, os fluxos de mensagens e imagens entre as redes, constituindo o encadeamento básico dessa estrutura social, onde as sociedades procuram entender a possibilidade em viver num mundo predominantemente social.
Mediante ao exposto, pensar a sinergia do currículo escolar com a interação das tecnologias da informação e comunicação é uma estratégia necessária para que os sujeitos sociais possam identificar, refletir e interagir com esses novos “códigos culturais” de forma que eles tenham as competências e habilidades mínimas para compreender, interpretar e aplica-los nessa nova forma de organização social.

1 CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS AO DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO

Segundo SACRISTÁN (2000), o conceito de currículo escolar está em permanente construção. Para BERNSTEIN (1980) o currículo define e considera o conhecimento válido e as formas pedagógicas de transmissão, assim como a avaliação define e considera como realização válida de tal conhecimento.
No âmbito político administrativo, o currículo escolar é concebido pelos poderes estabelecidos, nele está prescrito como obrigatório para um nível educativo etc, e/ou referências a serem observadas na realização da educação escolar, a exemplo dos Referenciais Curriculares Nacionais, Estaduais e Municipais, Resoluções e Pareceres dos Conselhos de Educação nas diversas esferas administrativas.
Resumindo, SACRISTÁN (2000) ressalta que o currículo é a “expressão da função socializadora da escola”, o instrumento que cria toda uma gama de uso imprescindível para compreender a prática pedagógica e está estreitamente relacionado com o conteúdo da profissionalização dos docentes.
O Currículo é um ponto central de referência na melhoria da qualidade do ensino, na mudança das condições da prática, no geral e nos projetos de inovação dos centros escolares. (SACRISTÁN, pág.32, 2000).

A partir desses conceitos sobre o currículo observa-se que para a inclusão das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação faz-se necessário promover a sinergia entre os conteúdos disciplinares com a inclusão das TDIC.


2 CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS AO DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO

As contribuições das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC) para o desenvolvimento do currículo podem ser organizadas como os meios para obtenção da informação dos conteúdos escolares e a comunicação do conhecimento re-elaborado através das diversas linguagens sonoras, imagéticas, hipermídias, escrita, falada, etc, conforme orienta os paradigmas das tecnologias educacionais.
As contribuições na aprendizagem por meio da experimentação desses recursos digitais oportunizam a inserção dos sujeitos sociais na nova cultura organizacional, as sociedades em rede, conforme comentada na primeira parte dessa reflexão. Pois a experimentação possibilita o desenvolvimento das competências necessárias para a alfabetização digital.
Hipoteticamente pode-se definir como uma variável para avaliar a alfabetização digital a capacidade de aplicar as diversas linguagens digitais nos diversos contextos da sua vida profissional e social.
A integração efetiva dessa sinergia tem sido o “x” da questão para a organização pedagógica.  A experiência que estou tendo oportunidade de vivenciar com professores e equipe pedagógica da Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, localizada no Distrito de Palmas, Tocantins, por intermédio da implantação do Programa Um Computado por Aluno (UCA).
Por ocasião de um dos Encontros de Formação para a re-laboração do Projeto Político Pedagógico, realizado pela coordenação do Programa, na Secretaria Municipal da Educação de Palmas, Tocantins, sugerimos para a coordenação do UCA nessa unidade escolar, a elaboração de um conjunto de habilidades para trabalharmos essa sinergia.  Assim foi proposto pela Professora Maria da Cruz conforme descrito a seguir:

Competência

Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.


Habilidades
 
H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

H2 - Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.

H3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.

H4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

H5 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.

H6 - Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção (ecoturismo).

H7 - Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais (web).

H8 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

H9 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
H10 Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos de ensino
H11 Comunicar-se à distância por meio de  telemática
H12 Utilizar as ferramentas multimídia no ensino

A partir dessa organização pedagógica foi sugerida aos professores a elaboração dos planos de cursos por ocasião da jornada pedagógica. O próximo passo será analisar conjuntamente com a coordenação pedagógica os planos de curso dos professores.
 Para o sucesso desse trabalho faz-se necessário organizar um calendário de estudo e de planejamento para os professores, será a nossa próxima solicitação para os gestores do sistema educacional. Pretende-se após a análise dos planos de curso desenvolver material de apoio aos professores para melhor desempenho das práticas pedagógicas.
Enfim, ainda temos uma longa caminhada para sistematizar os conceitos do currículo dessa escola e sua integração com as tecnologias, o que sei é que temos muito que aprender a aprender. Dentre as estratégias sugeridas pelo Curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC, oferecido pelo MEC destaca-se a experiência do Projeto Amora do Colégio Aplicação da UFRGS http://www.amora.cap.ufrgs.br/. Parece ser uma experiência inovadora que podem ser multiplicada por qualquer unidade escolar que pretende fazer a integração entre as TDIC e o currículo escolar.
 Por isso, participar de Cursos tais como Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC e UCA é muito importante para o nosso crescimento profissional, porém não são suficientes necessitamos de mais cursos de formação continuada sobre essa temática.

3 BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS
BRASIL, Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC: Guia do Cursista. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação à Distância;2008.
CASTELELLS, Manuel, A Sociedade em rede, Vol.I, Ed. Paz e Terra S/A, São Paulo, SP, 1999.
SACRISTÁN, J. Gimeno, O Currículo: uma reflexão sobre a prática, 3ª Ed. Artmed, Porto Alegre/ RS, 2000.


[1] Professora e Supervisora Educacional da Rede Municipal de Ensino de Palmas, Tocantins,

sexta-feira, 4 de março de 2011

POSSÍVEIS MUDANÇAS E CONTRIBUIÇÕES

ALVES, Fátima Aparecida Borges Alves[1]



A tecnologia da informação e comunicação revolucionou todas as áreas do conhecimento humano e certamente a sala de aula com computador e internet. O Programa UCA converge tudo isso com várias opções de mídias digitais da informação e da comunicação com um diferencial – mobilidade para acessar diariamente, se planejada pelo professor.

Por ocasião da primeira avaliação processual/trimestre de implantação do piloto desse Programa, na Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, localizada no Distrito de Taquaruçu, Palmas, Tocantins, observou-se que alguns aspectos sobre a reorganização do espaço físico e pedagógico necessitam ser implementados.

Na adequação da infraestrutura física e de logística o Programa precisa repensar as estratégias. As unidades escolares que for implantar o Programa necessitam receber subsídios, considerando que a maioria dos municípios brasileiros passa por dificuldades financeiras. Estas ações podem ser financiáveis pelo Ministério da Educação (MEC) por intermédio do Plano de Ações Articuladas (PAR) e/ou ampliação dos recursos do Programa Nacional Dinheiro Direto da Escola (PDDE). Esta mudança poderá reduzir a improvisação que só atrapalha o andamento do Programa podendo até comprometer o desempenho dos professores e dos educandos.

Nos aspectos pedagógicos observou-se que as turmas dos anos iniciais utilizam com maior frequência os laptops e as turmas dos anos finais do Ensino Fundamental com menor freqüência. Uma das hipóteses dessa resistência pode ser o “tempo” de 45min.  em sala de aula. Sugere-se que a reorganização pedagógica para os anos finais seja repensada, principalmente na distribuição da carga horária por disciplina, com aulas geminadas para as turmas dos anos finais do ensino fundamental. Outra sugestão é a inclusão no currículo as habilidades e competências que podem ser aprimoradas com o uso das tecnologias no currículo Escolar.

Aplicamos um questionário via e-mail para os professores da escola mencionada anteriormente, 09 (nove) responderam. No item o que mudou na aprendizagem dos alunos com o uso do laptop em sala de aula   aproximadamente 77,78% dos professores disseram que elas despertam o interesse, criatividade e vontade de estudar nos educandos. 33,32% ressaltaram que ainda é muito cedo para avaliar mas acreditam que haverá mudanças significavas na aprendizagem dos educandos quando todos os requisitos estiverem funcionando adequadamente, principalmente a rede mundial de computadores.




[1] Professora e Supervisora Educacional da Rede Municipal de Ensino de Palmas, Tocantins,