quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A EDUCAÇÃO PARA TODOS & AS TECNOLOGIAS DIGITAIS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO

ALVES, Fátima Aparecida Borges[1]

A educação para todos é uma conquista recente do povo brasileiro. Essa realidade começou a ser implantada a partir dos anos de 1990. Inicialmente, com foco no ensino fundamental e nos dias atuais para toda a educação básica inclusive para a educação infantil. Dentre os objetivos visa reduzir as desigualdades sociais.
Até bem pouco tempo bastava à pessoa ser alfabetizada e ter acesso a uma boa biblioteca para obter informação sobre o conhecimento acumulado pela humanidade. Observa-se que a aquisição da escrita e da leitura não é suficiente para os dias atuais, sem associá-las às tecnologias.
 Segundo MORIN (1977) o conhecimento fragmento está a serviço de uma falsa racionalidade de incertezas e contradições, para ele faz-se necessário a religação dos saberes. A multi e transdisciplinaridade possibilitam o reconhecimento da multireferencialidades sobre o conhecimento. Para tanto, continuar o processo de  aquisição do conhecimento por métodos fragmentados nas escolas é aumentar as desigualdades sociais.
A multi/transdisciplinaridade só é possível com o uso dos recursos mediáticos. A educação precisa ser uma conquista para todos conforme os princípios constitucionais, para tanto, necessita associar a alfabetização da escrita e da leitura com a das TDIC. Caso contrário, a ofertar da educação básica não vai cumprir seu objetivo constitucional em reduzir as desigualdades sociais, o efeito escola será insignificante na vida dos seus educandos.
Partindo desse pressuposto o Programa Um Computador por aluno (UCA) é uma estratégia que poderá contribuir significativamente na combinação das duas alfabetizações, da escrita e da leitura, bem como a das TDIC, conforme relato de algumas professoras no item 2.1. Entretanto, para a implantação desse programa a escola passou por várias readequações, dentre elas a do espaço físico e dos equipamentos, assim como a do seu Projeto Político Pedagógico.
O grande desafio para qualquer ser humano é a desconstrução das velhas práticas por novas práticas. Na educação é mais difícil quando ela acontece ao mesmo tempo entre docentes e discentes. Pois, a relação de poder entre eles ficam fragilidades sob o ponto vista das velhas práticas, em que o professor é detentor do saber.
Ao implantar o Programa os profissionais da educação passam pela segunda alfabetização digital ao mesmo tempo em que seus educandos e isso têm gerado certo desconforto, pois há educandos com mais conhecimento sobre o equipamento do que os seus professores. Contudo, alguns professores encaram esses fatores com certa naturalidade, conforme relato de algumas experiências no item 2.1.

1 PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM
Segundo diversos pesquisadores a aprendizagem acontece processualmente por meio da construção simbólica do conhecimento. Ela acontece no dia a dia da experiência humana formal e/ou informalmente. A educação formal acontece na escola e se dá em conformidade com os níveis cognitivos de todas as faixas etárias.
O processo de aquisição da língua escrita acontece nos primeiros anos do ensino fundamental. E não tem sido uma tarefa fácil, pois as avaliações externas, dentre elas a Prova Brasil tem mostrado que o percentual de educandos em nível adequado de aprendizagem no país/estado/município/escola é baixo, segundo os parâmetros estabelecidos por essa avaliação.
Segundo FERREIRO (2010) o desafio para a aquisição da língua escrita está em associá-la à leitura, com exercício de visualização dos antecedentes e ao conhecimento em que se aprende na escola, assim como nas interações com outros sem ser explicitamente ensinados. São essas as condições em que favorecem a aprendizagem no sentido amplo que não é só aprender a grafar as palavras, mas também interpretá-las sobre os seus significados nas relações sociais no cotidiano.
No âmbito da alfabetização digital segundo PONTES JUNIOR (2009) é quase inexistente a identificação das competências exigidas para o processo de alfabetização digital, com o objetivo de capacitar os sujeitos em saberes/competências informacionais que ofereçam condições de aprendizagem continuada, por toda a sua vida e utilizem dos meios disponibilizados pelos recursos mediáticos, tais como localizar, selecionar, organizar, processar, recuperar e fazer uso da informação para satisfazer uma necessidade intelectual, e/ou funcional.
Observa-se que os meios oportunizados por esses recursos complementam e aceleram o processo da alfabetização mencionado por FERREIRO (2010) no sentido amplo, pois possibilitam a interação com diversas culturas locais regionais e globais, principalmente com o uso dos computadores e celulares ligados à internet.
Com eles é possível grafar a escrita e imagens, em cores e movimentos com diferentes velocidades e conceitos interdisciplinares. Possibilitam a contextualização com vivências locais, regionais e globais imediatas, quando se tem uma boa conectividade, enquanto que os recursos antes disponíveis (lápis ou caneta, papel e livros) requer muito esforço e tempo para a pesquisa e a escrita.
Pensar metodologicamente o uso da tecnologia como meio para aquisição da leitura e da escrita associadas ao conhecimento é o grande X da questão. É preciso desconstruir para construir um novo processo de ensino e aprendizagem. Como aprender usando esses recursos? Quais são suas possibilidades de aprendizagem nos diversos níveis de ensino? Como interagir o velho e o novo? Qual é o papel do professor? Qual é o conceito da alfabetização digital na educação básica? São muitas as interrogações.
Ambos os processos com recursos estáticos e/ou dinâmicos promovem a construção das estruturas mentais na aquisição do conhecimento, por meio da aquisição da leitura e da escrita. O processo de ensino passa pelos mesmos estágios e sentimentos, partindo do pressuposto que, ao longo da história, a humanidade busca adquirir o conhecimento com o objetivo de satisfazer suas necessidades. Nesse sentido, PONTES JUNIOR (2009) cita a organização do conhecimento, segundo KUHLTHAU, 1991, no âmbito dos estágios cognitivos ao descrever o processo de busca do conhecimento, utilizando-se dos meios informacionais digitais, conforme tabela 1.


TABELA 1 – SENTIMENTOS COMUNS A CADA ESTÁGIO PARA AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO.



ESTÁGIOS
TAREFA APROPRIADA
SENTIMENTOS COMUNS A CADA ESTÁGIO
1.     Iniciação
Reconhecer a necessidade da informação
Insegurança
2.     Seleção
Identificar um tema geral
Otimismo
3.     Exploração
Investigar as informações sobre o tema geral
Confusão, frustação, dúvida.
4.     Formulação
Formular o foco
Clareza
5.     Coletar a informação
Reunir as informações pertencentes ao foco.
Senso de direção e confiança.
6.     Apresentação
Completar a busca de informação.
Alívio, satisfação e desapontamento.
Fonte: A organização do conhecimento, (KUHLTHAU, 1991), citado por PONTES JUNIOR (2009).

Observa-se que os sentimentos em ambos os processos estático ou dinâmico parecem ser os mesmos, em cada estágio, tanto para quem utiliza dos meios tecnológicos (lápis, caneta, borracha, livros, retroprojetor, xerox, etc) tanto para quem usa os recursos digitais ligados à internet (computadores/celulares, etc). A diferença é o tempo/espaço para acessar o conhecimento, com maior mobilidade e acessibilidade que eles oferecem na sala de aula. Recentemente, foi conteúdo dos meios de comunicação sobre o perfil da geração atual X das anteriores. A geração atual possui capacidades cognitivas diferentes dos seus antepassados, pois pensam rápidos e fazem várias coisas ao mesmo tempo. Nesse sentido, os recursos digitais são necessários para satisfazer as necessidades da geração atual, caso contrário à escola não possui nenhum encantamento para os seus educandos.



2 CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA UM COMPUTADOR POR ALUNO (UCA) NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM.
O Programa Um Computador por Aluno (UCA) do governo federal, em parceria com as secretaria estaduais, municipais e universidades, possibilita aprendizagens por meio das interações explicitamente ensinadas na escola, com vistas a desenvolver competência do aprender a aprender, pois os educandos são estimulados a buscar o conhecimento por meio de outras interações fora do ambiente da escola, na sala de aula, através da Rede Mundial de computadores (internet).
A Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, localizada no Distrito de Taquaruçu é uma das escolas Piloto desse Programa. Ao longo do primeiro ano de implantação do Programa na Escola tive a oportunidade de aprender, assim como compartilhar vivências entre os profissionais dessa escola, por ocasião da organização do seu Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP).
Nesse sentido, estando supervisora educacional dessa escola coordenei a reestruturação do PPP, por intermédio dos encontros da formação continuada, com duração de 80h, por acreditar que a transformação só acontece por meio da participação dos sujeitos, sistematizada em uma estratégia de ação/reflexão/ação, conforme ensina Paulo Freire.
A formação foi organizada em módulos, sendo que o produto final dessa formação é a elaboração do documento preliminar do PPP, o qual já se encontra disponível no blog da escola: http://escolacrispim.blogspot.com/. Esses encontros aconteceram paralelamente com a capacitação do Programa UCA, oferecida pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, (PUC), em parceria com a Universidade Federal do Tocantins, Secretaria Municipal da Educação e outros não menos importantes, tendo como formador desse Curso, o professor Demerval Almeida.
A participação dos profissionais dessa escola nos cursos mencionados acima, sendo o primeiro presencial e a segundo semipresencial, foi fundamental para uma nova organização pedagógica, com vistas em cumprir o seu papel social naquela comunidade. Mediante o exposto, pode-se afirmar que a implantação do UCA na Escola Mul Crispim trouxe profundas transformações na sua forma de educar.
Identificou-se como situações problemas no âmbito social, a presença das drogas, prostituição infanto-juvenil, dentre outras. No ambiental, degradação da flora e da fauna na Área de Preservação ambiental (APA) onde está localizado o Distrito de Taquaruçu, ocasionadas pela exploração do ecoturismo desordenado e no educacional, altas taxas de reprovação e de distorção idade/série, dentre outros.
Para o enfrentamento dessa problemática a proposta pedagógica está organizada por área do conhecimento, orientadas por eixos articulador, temáticos e transversais. A tecnologia é um dos eixos transversais no sentido mais amplo. Ele visa promover reflexões sobre a cultura escolar e a cultura midiática. Para tanto, o PPP estabeleceu às diretrizes para orientação do eixo tecnológico.
A primeira diretriz é a mobilidade para o uso do computador e da Rede Mundial de Computadores em sala de aula, a qualquer momento em que o professor e educando sentirem necessidades para produzirem respostas sobre conceitos e aplicabilidade sobre o conteúdo\conhecimento estudando.
A segunda trata-se da autoaprendizagem por meio da reflexão e observação da recepção e respostas que os recursos mediáticos produzem nas aprendizagens dos educando e sua interação na cultura local e na identidade dos sujeitos.
a terceira é a cidadania e autoformação que visa estimular a autoformação com uso dos recursos mediáticos na sua aprendizagem, de forma autônoma e consciente do uso racional desses recursos, tanto para os estudos quanto para o lazer.
A quarta diretriz visa dar visibilidade sobre as aprendizagens adquiridas utilizando-se dos recursos mediáticos, através da produção de vídeos, exposição de folders, fotografias, textos nos eventos da escola etc, com a participação da família e a quinta e última trata sobre a comunicação das aprendizagens, por meio da educomunicação: produção do Jornal Mural, Rádio-escola, blogs etc.

2.1  APROPRIAÇÃO DOS RECURSOS MEDIÁTICOS PELOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
Considerando os estágios da tabela 1 e os relatos de experiência de professores a seguir, pode-se estimar o nível 3  (três) para a maior parte dos profissionais envolvidos na implantação do UCA nesta escola: exploração com nível de sensação confusa, dúvida e algumas frustações, mas confiantes nas próximas etapas de desenvolvimento cognitivo. Vale ressaltar, que a reforma e a falta da internet na escola dificultaram significativamente o bom desempenho do Programa.
(...) Com os alunos do 1º ano foi usado o kwor para digitação com o objetivo de reconhecer letras, palavras e melhorar a escrita e a leitura. (...) No 5º ano foi utilizado nas disciplinas de Português, Matemática o kword e o paint com o objetivo de trabalhar a concentração, a ortografia, a leitura e a agilidade na escrita. (...) O uso do Paint é um momento maravilhoso, cada um usa sua imaginação e cria cada desenho, em seguida eles usam e abusam dos recursos de pintura que esse programa oferece; eles ficam emocionados com as suas próprias criações. (...)
(...) outro momento maravilhoso foi quando eles receberam autorização para levarem os laptops para casa, com atividades pré-estabelecidas. Depois houve um momento para a socialização das tarefas feitas em casa, cada um expôs suas dificuldades. (...) Os pais também tem relatado que os filhos ficam horas com laptops, explicam aos irmãos ou mesmo aos pais de como utilizá-los, dos cuidados etc. (...).
(...) Eu enquanto professora ainda tenho muita dificuldade em trabalhar com o laptop, tenho dificuldade em buscar informações na internet, mas tenho tentado e estou também aprendendo com eles, quando eu falo que não sei eles estão prontas a me ajudar dentro das possibilidades deles. Gostaria de receber ajuda quanto ao uso dos sites com atividades, dentro do nível dos alunos.
Marilene Soares.
(...) No segundo semestre de 2010 e no ano de 2011, algumas atividades referentes aos conteúdos do currículo escolar foram desenvolvidas pelos alunos do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental com o objetivo de desenvolver a leitura e escrita. (...) Não foi possível trabalhar outras atividades com outras ferramentas por falta de acesso a internet, pois a EU está em reforma e no pavilhão não acessava. (...).
Professora Soneide.

No âmbito da aprendizagem dos educandos a maior parte está no nível 1, pois então na fase de reconhecimento da necessidade da informação, com sentimento de insegurança, pois ainda tem como necessidade o entretenimento (jogos e redes sociais).



3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que o primeiro ano da implantação do UCA  foi dedicado à organização pedagógica, administrativa e estrutural da unidade educacional. Foi um passo muito importante, graças a Deus conseguimos. Agora é seguir o caminho traçado de forma dialética, ação/reflexão/ação até alcançar a excelência na educação e fazer diferença na vida de todos educandos matriculados na escola. Sinto-me realizada e agradecida pela oportunidade de estudar e trabalhar com a família Crispim e UCA Nacional e Estadual.



4  BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS

CITELLI, Adilson, Outras Linguagens Na Escola, SP, Cortez Editora, 1999.


FERREIRO Emília, ABC com todas as Letras, SP: Cortez Editora, 2010.

OUROFINO, Maria Isabel, Guia da Escola Cidadã: Mídias e Mediação Escolar, Instituto Paulo Freire, SP:Cortez: Instituto Paulo Freire, 2005. – Guia da escola cidadã; v.12).

MORIN, Edgar, A religação dos Saberes: o desafio do século XXI, tradução e notas, Flávia Nascimento, 5ª ed. RJ: Bertrand Brasil, 2005.

MORIN, Edgar, Educar na era planetária: o pensamento complexo como método de aprendizagem no erro e na incerteza humana, elaborado pela Unesco, por Edgar Morin, Emílio Roger Ciurana, Raúl Domingo Motta; tradução Sandra Trabucco Valenzuela: SP: Cortez; Brasília: UNESCO, 2003.

PASSOS, Ilma Passos (org), Projeto Político-Pedagógico da Escola uma Construção Possível, 14ª Edição, Campinas, SP, Papirus Editora, 1995.

PRADO, Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida & ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini, O Computador Portátil Na Escola, Avercamp Editora, 20011.

PALMAS, Relatos de Experiências dos professores da Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, Coordenação do UCA na Escola, 2011.
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[1] Pedagoga, especialista em gestão educacional, atualmente está supervisora educacional da Escola Municipal Crispim Pereira Alencar e coordenadora do UCA na Secretaria Municipal da Educação, do município de Palmas, Tocantins.

domingo, 6 de março de 2011

CURRÍCULO ESCOLAR E SUA INTEGRAÇÃO COM AS TECNOLOGIAS

ALVES, Fátima Aparecida Borges[1]

A revolução tecnológica modificou a forma de comunicação e de organização da informação na economia, na gestão, na execução e na interação entre as sociedades. Ela redefiniu o conceito de tempo e espaço. Segundo CASTELLS (2007) as novas formas dominantes se desenvolvem numa meta-rede que ignora os grupos sociais subordinados e os territórios desvalorizados, aumentando a distância entre essa metarrede e a maioria das pessoas, atividades e locais do mundo.  Essa lógica segundo ele invisível cria códigos culturais e decidem-se o poder.
Por outro lado, ele ressalta que numa perspectiva histórica a sociedade em rede representa uma transformação qualitativa da experiência humana em sua relação entre a Natureza e a Cultura, entendida como um novo estágio do movimento ambiental, onde a Cultura suplantou a Natureza a ponto de a Natureza ser renovada (“preservada”) artificialmente como uma forma cultural: (...), reconstruir a Natureza como uma forma cultural ideal (...) de interação e organização social. (CASTELLS, pág.573).
Nesse sentido ele destaca que o principal ingrediente da organização social em rede é a informação, os fluxos de mensagens e imagens entre as redes, constituindo o encadeamento básico dessa estrutura social, onde as sociedades procuram entender a possibilidade em viver num mundo predominantemente social.
Mediante ao exposto, pensar a sinergia do currículo escolar com a interação das tecnologias da informação e comunicação é uma estratégia necessária para que os sujeitos sociais possam identificar, refletir e interagir com esses novos “códigos culturais” de forma que eles tenham as competências e habilidades mínimas para compreender, interpretar e aplica-los nessa nova forma de organização social.

1 CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS AO DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO

Segundo SACRISTÁN (2000), o conceito de currículo escolar está em permanente construção. Para BERNSTEIN (1980) o currículo define e considera o conhecimento válido e as formas pedagógicas de transmissão, assim como a avaliação define e considera como realização válida de tal conhecimento.
No âmbito político administrativo, o currículo escolar é concebido pelos poderes estabelecidos, nele está prescrito como obrigatório para um nível educativo etc, e/ou referências a serem observadas na realização da educação escolar, a exemplo dos Referenciais Curriculares Nacionais, Estaduais e Municipais, Resoluções e Pareceres dos Conselhos de Educação nas diversas esferas administrativas.
Resumindo, SACRISTÁN (2000) ressalta que o currículo é a “expressão da função socializadora da escola”, o instrumento que cria toda uma gama de uso imprescindível para compreender a prática pedagógica e está estreitamente relacionado com o conteúdo da profissionalização dos docentes.
O Currículo é um ponto central de referência na melhoria da qualidade do ensino, na mudança das condições da prática, no geral e nos projetos de inovação dos centros escolares. (SACRISTÁN, pág.32, 2000).

A partir desses conceitos sobre o currículo observa-se que para a inclusão das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação faz-se necessário promover a sinergia entre os conteúdos disciplinares com a inclusão das TDIC.


2 CONTRIBUIÇÕES DAS TECNOLOGIAS AO DESENVOLVIMENTO DO CURRÍCULO

As contribuições das Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC) para o desenvolvimento do currículo podem ser organizadas como os meios para obtenção da informação dos conteúdos escolares e a comunicação do conhecimento re-elaborado através das diversas linguagens sonoras, imagéticas, hipermídias, escrita, falada, etc, conforme orienta os paradigmas das tecnologias educacionais.
As contribuições na aprendizagem por meio da experimentação desses recursos digitais oportunizam a inserção dos sujeitos sociais na nova cultura organizacional, as sociedades em rede, conforme comentada na primeira parte dessa reflexão. Pois a experimentação possibilita o desenvolvimento das competências necessárias para a alfabetização digital.
Hipoteticamente pode-se definir como uma variável para avaliar a alfabetização digital a capacidade de aplicar as diversas linguagens digitais nos diversos contextos da sua vida profissional e social.
A integração efetiva dessa sinergia tem sido o “x” da questão para a organização pedagógica.  A experiência que estou tendo oportunidade de vivenciar com professores e equipe pedagógica da Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, localizada no Distrito de Palmas, Tocantins, por intermédio da implantação do Programa Um Computado por Aluno (UCA).
Por ocasião de um dos Encontros de Formação para a re-laboração do Projeto Político Pedagógico, realizado pela coordenação do Programa, na Secretaria Municipal da Educação de Palmas, Tocantins, sugerimos para a coordenação do UCA nessa unidade escolar, a elaboração de um conjunto de habilidades para trabalharmos essa sinergia.  Assim foi proposto pela Professora Maria da Cruz conforme descrito a seguir:

Competência

Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.


Habilidades
 
H1 - Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

H2 - Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.

H3 - Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.

H4 - Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

H5 - Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.

H6 - Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção (ecoturismo).

H7 - Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais (web).

H8 - Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

H9 - Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.
H10 Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos de ensino
H11 Comunicar-se à distância por meio de  telemática
H12 Utilizar as ferramentas multimídia no ensino

A partir dessa organização pedagógica foi sugerida aos professores a elaboração dos planos de cursos por ocasião da jornada pedagógica. O próximo passo será analisar conjuntamente com a coordenação pedagógica os planos de curso dos professores.
 Para o sucesso desse trabalho faz-se necessário organizar um calendário de estudo e de planejamento para os professores, será a nossa próxima solicitação para os gestores do sistema educacional. Pretende-se após a análise dos planos de curso desenvolver material de apoio aos professores para melhor desempenho das práticas pedagógicas.
Enfim, ainda temos uma longa caminhada para sistematizar os conceitos do currículo dessa escola e sua integração com as tecnologias, o que sei é que temos muito que aprender a aprender. Dentre as estratégias sugeridas pelo Curso Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC, oferecido pelo MEC destaca-se a experiência do Projeto Amora do Colégio Aplicação da UFRGS http://www.amora.cap.ufrgs.br/. Parece ser uma experiência inovadora que podem ser multiplicada por qualquer unidade escolar que pretende fazer a integração entre as TDIC e o currículo escolar.
 Por isso, participar de Cursos tais como Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC e UCA é muito importante para o nosso crescimento profissional, porém não são suficientes necessitamos de mais cursos de formação continuada sobre essa temática.

3 BIBLIOGRAFIA CONSULTADAS
BRASIL, Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC: Guia do Cursista. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação à Distância;2008.
CASTELELLS, Manuel, A Sociedade em rede, Vol.I, Ed. Paz e Terra S/A, São Paulo, SP, 1999.
SACRISTÁN, J. Gimeno, O Currículo: uma reflexão sobre a prática, 3ª Ed. Artmed, Porto Alegre/ RS, 2000.


[1] Professora e Supervisora Educacional da Rede Municipal de Ensino de Palmas, Tocantins,

sexta-feira, 4 de março de 2011

POSSÍVEIS MUDANÇAS E CONTRIBUIÇÕES

ALVES, Fátima Aparecida Borges Alves[1]



A tecnologia da informação e comunicação revolucionou todas as áreas do conhecimento humano e certamente a sala de aula com computador e internet. O Programa UCA converge tudo isso com várias opções de mídias digitais da informação e da comunicação com um diferencial – mobilidade para acessar diariamente, se planejada pelo professor.

Por ocasião da primeira avaliação processual/trimestre de implantação do piloto desse Programa, na Escola Municipal Crispim Pereira Alencar, localizada no Distrito de Taquaruçu, Palmas, Tocantins, observou-se que alguns aspectos sobre a reorganização do espaço físico e pedagógico necessitam ser implementados.

Na adequação da infraestrutura física e de logística o Programa precisa repensar as estratégias. As unidades escolares que for implantar o Programa necessitam receber subsídios, considerando que a maioria dos municípios brasileiros passa por dificuldades financeiras. Estas ações podem ser financiáveis pelo Ministério da Educação (MEC) por intermédio do Plano de Ações Articuladas (PAR) e/ou ampliação dos recursos do Programa Nacional Dinheiro Direto da Escola (PDDE). Esta mudança poderá reduzir a improvisação que só atrapalha o andamento do Programa podendo até comprometer o desempenho dos professores e dos educandos.

Nos aspectos pedagógicos observou-se que as turmas dos anos iniciais utilizam com maior frequência os laptops e as turmas dos anos finais do Ensino Fundamental com menor freqüência. Uma das hipóteses dessa resistência pode ser o “tempo” de 45min.  em sala de aula. Sugere-se que a reorganização pedagógica para os anos finais seja repensada, principalmente na distribuição da carga horária por disciplina, com aulas geminadas para as turmas dos anos finais do ensino fundamental. Outra sugestão é a inclusão no currículo as habilidades e competências que podem ser aprimoradas com o uso das tecnologias no currículo Escolar.

Aplicamos um questionário via e-mail para os professores da escola mencionada anteriormente, 09 (nove) responderam. No item o que mudou na aprendizagem dos alunos com o uso do laptop em sala de aula   aproximadamente 77,78% dos professores disseram que elas despertam o interesse, criatividade e vontade de estudar nos educandos. 33,32% ressaltaram que ainda é muito cedo para avaliar mas acreditam que haverá mudanças significavas na aprendizagem dos educandos quando todos os requisitos estiverem funcionando adequadamente, principalmente a rede mundial de computadores.




[1] Professora e Supervisora Educacional da Rede Municipal de Ensino de Palmas, Tocantins,